Liberdade ou Libertinagem de expressão?

Hoje, 19 de fevereiro de 2025, li na Revista Isto É uma matéria sobre a possibilidade de uma lei municipal ferir a liberdade artística de expressão. Políticos do Município do Rio de Janeiro e de São Paulo têm propostas similares que visam proibir que os governos contratem "para eventos públicos artistas e músicos que façam apologia ao crime", segundo a matéria.
 
Confesso que não conhecia o artista e o teor da sua arte. Poucos sabem mas já me arrisquei na arte da música tendo gravado com o Coral Jovem do Rio e participado de uma gravação de um vídeo para o YouTube com um talentoso sobrinho. O caminho que o jovem da reportagem trilha e que motivou o que ele chama de "pauta política" não faz parte do que eu curto. No estilo musical dele eu ouço: Nesk Only, Thiagão, Silas Magalhães, 2metro, Educky, e outros que, com certeza, nada tem a ver com letras que exaltam o crime em qualquer aspecto.

O pedido para o Estado não contratar artistas com esse teor, não é porque a música reflete o gosto musical da periferia. Não tem relação com o estilo musical (poderia ser samba, pagode, pop, rock, sertanejo, clássico, enfim quaisquer um pode estar no gosto das pessoas que moram nas regiões periféricas. Não tem relação com classe social, visto que o rap, o trap, o funk carioca e outros estão espalhados em todos os níveis da sociedade.

Então sobra o teor das letras. E esse, de fato, parece ser o alvo, pois elas fazem apologia ao crime. Isso independe do jovem artista ser parente de alguém ligado ao crime. Qual artista que vem da periferia, dos morros, das comunidades, não conhece alguém que se perdeu na vida do crime? Eu mesmo tenho parentes que se perderam no crime. E nem por isso romantizo o crime. Quantas vidas foram e são ceifadas pelo crime? Quantas famílias destruídas? Quantas e quantos chefes de família saíram de casa pra trabalhar e não voltaram para os seus amados tendo sido vítimas do crime?

Pelo que li na matéria sequer trata de censura, mas de não o patrocínio pelo Estado aos artistas que decidiram glamourizar o crime.
Eu sou contra a censura. Sou a favor de quem comete excesso com a liberdade de expressão tornando-se um "libertino de expressão", arque processualmente com as consequências de suas falas, escritos, desenhos, ou seja lá o que for.

E qual seria o nexo do Estado patrocinar algo que obrigatoriamente deve coibir?
Liberdade de expressão é um direito. A "libertinagem de expressão" é uma deturpação desse direito e deve ser julgada.

Não precisamos de libertinagem para nos expressar. Não precisamos romantizar e naturalizar o crime. Não precisamos seguir a trilha do crime porque somos da periferia.  Precisamos de vida, de esperança! Às vezes até de uma fossa para externar o coração machucado e dar a volta por cima.

Graça e paz,
Eduardo Leal 

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